Agressões À Nossa Pele Em Tempo de Covid-19
Viver num palácio, usufruir de um sistema de ar condicionado e de um sistema de proteção eficaz contra intempéries, inimigos externos como micróbios invasores externos parece um sonho. No entanto, é aquilo que oferece a nossa pele! Graças a ela temos capacidade de movimentação com garantia de uma defesa constante e com reparação de forma automática e contínua.
Estamos perante um caso de máximo conforto, segurança e bem-estar! No nosso dia a dia, não ligamos muita atenção a esse envelope maravilhoso que se adapta tanto ao frio como ao calor e que permite atenuar os seus efeitos adversos. Raramente temos consciência do trabalho ininterrupto da nossa pele porque a sua multiplicidade de funções vitais são produzidas de forma discreta, quase despercebida. Sem a pele seríamos tão frágeis como uma flor de estufa ao sol. No entanto, não cuidamos devidamente dessa barreira natural.
Vem a propósito uma nova situação relacionada com o Covid-19. Vivemos atualmente uma obrigação de desinfeção das mãos, que aliada ao uso da máscara nos protege de um possível contágio com o vírus Sars-CoV-2.
A questão desta nova postura tem uma explicação, que por ser demasiado primária até nos parece um pouco confusa. No entanto, podemos avançar com algumas informações. A primeira terá a ver com o agente infeccioso, o vírus. Todos temos uma vaga ideia de que se trata de agente infeccioso, mas não temos bem a realidade da estrutura e forma desse intruso que nos provoca uma doença mortal.
Com efeito existe por parte da maioria das pessoas, uma confusão entre estas identidades, os vírus e as bactérias. Mas a diferença é grande. Tanto é que, quando na presença de epidemias de gripe as populações são aconselhadas a não recorrer aos antibióticos. Estes estão direcionados para destruir bactérias e são ineficazes quanto aos vírus.
Os antivíricos são muito difíceis de obter, aliás no caso do Covid-19 é patente ter-se recorrido à vacinação e não se ter conseguido um antivírus. A maneira mais primária de resolver o problema será a de evitar o contacto. Sabendo que a agressividade e a capacidade de contágio são limitadas, a solução generalista adotada foi recorrer a formas simples de destruir o vírus.
Sabendo que uma das fragilidades do vírus está na barreira lipídica que o envolve, onde o seu nome de coronavírus, a forma de o eliminar está na lavagem das superfícies com um produto que dissolva essa proteção.
No nosso dia-a-dia, o contacto faz-se com as mãos. Mãos infetadas chegam rapidamente à face, nariz, vias respiratórias, porta de excelência para a infeção. Portanto foi estabelecida a necessidade absoluta de higienizar as mãos, recorrendo à lavagem com sabonetes ou a desinfetantes com poder de dissolver lípidos ou gorduras. Voltamos agora ao nosso ponto de partida relativo à manutenção da capacidade de defesa da nossa pele. Sem entrar nos detalhes da constituição da pele e das várias camadas que a compõem podemos referir que um dos elementos fundamentais para evitar a secura da pele será o de preservar esse “unto” superficial, vulgarmente chamado de “manto ou película gorda” que cobre toda a nossa camada córnea, evitando a perda de água da pele ou seja, a sua desidratação.
Sabemos que uma pele desidratada, seca, é suscetível e fragilizada. Facilmente se deparam situações de dermites, escoriações e mesmo pequenas feridas que se vão agravando com as contínuas agressões. Esta situação é aquela que se verifica com o uso contínuo desses desinfetantes que eliminam essa barreira lipídica, fragilizando a pele.
Devemos, portanto, ter uma atenção especial para essas situações e recorrer a produtos que vão proteger a pele das mãos após esses maus tratos obrigatórios. Para mitigar essa situação, devemos utilizar cremes hidratantes. Ao repor a untuosidade na pele vamos contribuir para manter a sua elasticidade e diminuir a secura excessiva, precursora de situações gravosas da pele.
por: Eduardo Barata – Saúde
Jornal A Voz de Paço de Arcos Impresso | 3ª Série | N.º 35 Agosto 2021