Editorial – Série 3 – Nº42
A Ermida, agora Capela, erigida no século XVII em honra do Padroeiro da Vila, Senhor Jesus dos Navegantes, torna-se por momentos o ponto central das celebrações, no entanto é a ligação às águas do Tejo e do mar que tornam as Festas de Paço de Arcos tão especiais. O que é vivenciado em dois momentos distintos, durante a bênção dos barcos e no espetáculo ‘Piromusical’ no culminar das mesmas, instantes em que essa comunhão volta a acontecer, quando a marginal é aberta à população e o areal da Praia Velha se volta a ligar à vila, lembrando o tempo em que a Avenida Marquês de Pombal era a mais próxima da linha de água.
Celebrações em paralelo, de caráter religioso e pagão, as primeiras, com momentos de maior importância: o Terço da Misericórdia, a procissão noturna e a missa de ação de graças, são rituais seguidos por muitos populares cumprindo tradições que fazem parte das festas mais antigas do Concelho, com registos desde 1873.
Nas armas da vila, junto da âncora, o coração de ouro simboliza este sentimento humanitário que tanto tem salientado os naturais desta Vila, já os dois golfinhos apontam para a nossa ligação à natureza, ao mar e recordam-nos também dos homens, que até hoje, nestas águas têm a sua fonte de inspiração, de vida, de sustento e ainda a bravura heroica de colocar em risco as próprias vidas, para salvar a de outros.
Primeiro mordomo das festas, Patrão Joaquim Lopes poderia ser considerado uma dessas criaturas, meio-homem-meio-mar, sendo que este ano o Arrais João Fortuna a ele se juntou, Mestre Fortuna tornou-se, simbolicamente, um desses cetáceos orlados a ouro no brasão de armas da Vila. Ambos foram devidamente homenageados este ano, no caso com o descerramento de uma placa e atribuição do seu nome ao Parque de embarcações do Centro Náutico do CDPA.
Golfinhos serão Reis no mar, mas a vida em terra tem outros mestres, e Ruy de Carvalho foi a figura homenageada este ano nas celebrações locais e deu-nos o privilégio de participar numa tertúlia durante estes dias festivos. A ligação de Paço de Arcos ao Teatro é tão grande que o futuro Auditório José de Castro, com uma capacidade prevista de 110 pessoas, será, talvez, pequeno para acolher todo o potencial artístico e a sede de cultura sentida na localidade.
Terminando com as palavras do Pároco local, Padre José Luís Gonçalves da Costa: “Boas festas a todos os fregueses de Paço de Arcos e a todos os forasteiros que, nestes dias, nos visitarem“.
Rui Veiga