Poema dito em Homenagem ao casal Adelaide Zoio (memória) e o Poeta Santos Zoio em Peniche em 2022-04-28)
Já não ouço os estalidos secos dos pinheiros, nem do restolho bravio. À minha volta tudo ficou um braseiro depois nem só um pavio! Fogo que queimaste a urze da minha vida, a flor do rosmaninho... e o amor e o carinho daqueles que eu amava ! As papoilas rubras da verdade que nos unia murcharam para sempre. Já nem para a espiga as teria. Ai flores do meu jardim, tão cedo, de madrugada eis que se queimou a amarra e deixaram de florir para mim! Eram rosas, eram cravos, margaridas e jasmins! Agora os pardais já não depenicam os pinhões gordos, nem as uvas da parreira. Já não acendo a lareira que me aquecia à noitinha; Está vazia a minha esteira não tem caruma nem pinhas. A coruja não mais se ouviu, O cuco ? Esse fugiu ! Os grilos ainda cantam trinados com seu grigri Mas não são os concertos de outrora...; Aqueles que então ouvi. Já não me pico nas silvas para apanhar as amoras. Nem sei se há hortas... desapareceram as noras! As borboletas singelas poisadas nas madressilvas, eram tão lindas, tão belas... Hoje também não conto com elas. Como são curtas as vidas! VIRGÍNIA BRANCO Oeiras
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