O Bairro Comendador Joaquim Matias – Paço de Arcos
56DEZ24
O Bairro Comendador Joaquim Matias foi construído na década de 60 do século 20, acompanhando um surto de desenvolvimento económico que criou muitos empregos na região de Lisboa. Muitas fábricas, muitos escritórios, muitas empresas de diversas atividades que atraíram a esta região milhares de trabalhadores vindos de todo o país. Não existiam casas para tantas necessidades, o alugar um quarto, ou uma parte de casa, nas localidades, ou a construção clandestina que proliferou por toda a cintura de Lisboa, não era solução para centenas de famílias. A Linha do Estoril, então Costa do Sol, nomeadamente o Concelho de Oeiras, era um vasto território agrícola que passou a ser urbanizado. Surgiram urbanizações de vivendas, ou prédios de 3 andares, inicialmente, mas rapidamente começaram a surgir projetos com prédios de maior dimensão.
É neste cenário que surge em Paço de Arcos um projeto de apartamentos de tipologias de reduzida dimensão (T0, T1, T2), para venda para habitação ou para rendimento (arrendamento), a preços compatíveis com o rendimento de muitas das referidas famílias, portanto, com capacidade creditícia para recorrer ao financiamento bancário, que então também se desenvolveu. Este novo conceito surgiu pela mão de vários empresários da construção civil, tendo sido um deles o empresário João Pimenta, empresa J. Pimenta, Lda., que a par de outros projetos que tinha em andamento, em Cascais e na Amadora (Reboleira), teve a iniciativa de construir este bairro em Paço de Arcos, junto à Marginal, e não muito distante da estação de caminho de ferro.
A capacidade de iniciativa desta empresa acompanhada de uma agressiva campanha publicitária, e com uma força de vendas muito ativa junto dos potenciais compradores, que incluíam muitos emigrantes e militares (Guerra Colonial), fez com que o bairro rapidamente estivesse vendido e habitado. Após a aprovação do projeto inicial, e dada a necessidade de ter um Pavilhão para o CDPA, este foi construído por conta da empresa no terreno destinado a jardim, e oferecido ao clube, a troco da permissão de subir os prédios em altura, e ter assim uma compensação.

A principal artéria do bairro é a Av. Bonneville Franco que percorre lateralmente todo o bairro. Nesta avenida, e em frente ao bairro, temos a Escola Superior Náutica Infante D. Henrique, que foi construída pouco tempo depois, e que referimos noutro local, realçando a comemoração do centenário da sua fundação, em Lisboa, e para aqui transferida em 1972. Em frente à porta principal da Escola, temos o referido Pavilhão do CDPA, que aguarda as obras de requalificação previstas pela CMO, há já algum tempo, pelo que esperamos ter em breve notícias sobre a sua execução. A importante atividade desportiva que ali é desenvolvida bem merece. Assim que o Bairro começou a ser habitado, e perante o grande número de moradores/consumidores, logo começaram a instalar-se os mais diversos comércios e serviços nas lojas existentes.

Falaremos nas lojas, já que são fundamentais para a qualidade de vida da população. Começamos pelo próprio Pavilhão que dispõe de 2 espaços, o Bar, que até há poucos dias era explorado pelo Sr. Francisco, “Xico”, e que, brevemente, abrirá pelas mãos do Sr. Manuel (Quitanda e Clube Náutico), uma loja de açaí, café & Bar, o Sambô, e em edifício recuado, o Ginásio do clube. De seguida, na esquina com a Rua Veiga Beirão, temos: O restaurante Quitanda, já referido, a Farmácia Pargana, a Escola de Condução “Eco Drive”, e o Minipreço.




Entramos na Rua Marquês de Fronteira com a nova loja de imobiliário, Century 21, o Centro Médico Clara Saúde, e o Centro de Dia da Misericórdia de Oeiras, onde duas dezenas de residentes seniores, passam o dia em grupo e desenvolvendo atividades adequadas às suas condições físicas e mentais.
Na cave do prédio, com entrada pela Rua Filipe Taylor, temos o antigo, e muito conhecido pela sua qualidade, Restaurante Borges. Seguimos para a Rua António Aleixo, onde encontramos lojas de produtos e serviços variados, tais como, minimercado, snack bar, barbearias, cabeleireiros. Voltamos na Rua José Henriques Coelho e temos: A Tasquinha do J, o Degrau, a Boutique dos Sabores, a Magia do Café, a Padaria da Vila, a Adigal, e o Parque Infantil. De novo na avenida principal, com o seu Quiosque, o espaço para jogar cartas, o Supermercado Alegre, e o afamado restaurante de comida alentejana, o Zé Varunca. Entretanto, na Rua Quirino Lopes, o pronto a comer Salva Vidas e o Café Âncora, e na Rua Adelino Amaro da Costa, a loja o Cesto de Fantasias, a Cabeleireira Nicola Styles, a Lavandaria Azul-Self Service.
Na Rua Peixinho Júnior, temos o que falta cumprir na urbanização, a demolição, ou recuperação e adaptação a uma função adequada, do edifício construído para ser Centro Comercial, mas que está encerrado, sem atividade, pelo que se tornou num mono prejudicial ao bairro, pelo seu estado de degradação, e que será cada vez mais problemática a sua permanência tal como está.




Ao lado, um espaço de estudo IEAC-GO, Instituto de Estudos Avançados em Catolicismo e Globalização. Junto ao último prédio, que começou por ser um Hotel e depois transformado em apartamentos, temos a Praceta Luís de Freitas Branco. Para terminar, voltamos ao local da partida, portão da Escola Superior Náutica, para referir o estabelecimento fronteiro, o espaço âncora da urbanização, que é o Restaurante, Marisqueira Cervejaria e Petisqueira, que há 56 anos presta um alto serviço a Paço de Arcos, pela mão do seu proprietário e fundador, dedicado empresário que mantém a casa sempre atualizada, e pela qual passaram milhares de pessoas residentes do bairro, alunos, professores e funcionários da Escola Náutica, para além de clientes provindos de outros bairros e localidades.
É merecedor do nosso reconhecimento, e consideração, pelo muito que tem dado, e continua a dar, à vida económica da Vila, e ao apoio ao CDPA. Poucos saberão o seu nome completo, o primeiro nome é Francisco, mas para os clientes o seu nome é o mesmo que é para os amigos, o XICO. Terminamos referindo que este bairro continua a ser conhecido pelo nome abreviado do seu construtor, J. Pimenta, apesar dos muitos esforços para que seja designado pelo seu verdadeiro nome, Bairro Comendador Joaquim Matias, ilustre proprietário, empresário e benemérito de Paço de Arcos.





E, assim acabamos 2024, voltaremos em 2025, com novos Caminhos, novas notícias locais. Um ano feliz para todos.
Texto: José Marreiro | Fotografia: José Mendonça